Apesar de terem sido devastados pelo terramoto, os cristãos turcos ainda estão a trabalhar para servir o Senhor.

Alguns dias após um terramoto de magnitude 7,8 que devastou comunidades na Turquia e na Síria. Os cristãos reuniram-se na Igreja Bíblica de Antália para uma noite de oração.
Ao entrarem, o ministro Metin Ozkaya reparou nos olhos vermelhos dos seus amigos e companheiros crentes e pensou em Romanos 12:15:
“Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram.”
Os membros da igreja de Antália, que se encontravam a cerca de 804 km do epicentro do terramoto, na sua dor, entoaram hinos de lamento e oraram durante horas.
O número oficial de mortos na Turquia ultrapassou os 35.000 e esperava-se que continuasse a aumentar, informou o governo turco no dia 14 de fevereiro. O número de mortes na Síria já atingira as 3.700, aproximadamente.
“A dor emocional é tremenda”, disse Ozkaya. “Dois terramotos num espaço de 24 horas.”
Desde o desastre que aconteceu no dia 6 de fevereiro, a liderança da igreja tem-se concentrado no apoio espiritual.
Andrew Brinley, um ancião da igreja Antália apoiado pela Igreja de Cristo Landmark em Montgomery, Alabama, tem vivido várias crises na Turquia desde 2007 – mas nada desta dimensão.
Recentemente, num domingo, Brinley perguntou a um dos membros mais antigos da congregação se conhecia alguém que for a deslocado pelo terramoto.
“Ele ficou completamente estarrecido. Lágrimas escorriam na sua face. Ele sentia pelo seu próprio país e pelo seu povo,” disse Brinley, um graduado do ano 2004 da Universidade Cristã de Abilene, em Texas.
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“É triste saber que estas pessoas não têm qualquer esperança de redenção ou salvação”, acrescentou ele, referindo-se às vítimas. “É um grande fardo para muitos dos cristãos aqui.”
Sena Ishakbeyoglu, uma recém-convertida, foi uma das muitas pessoas presentes na reunião de oração. Ela sentiu-se encorajada na partilha do luto colectivo.
“Honestamente, deu-me esperança e mostrou-me a importância de ficarmos juntos e orarmos, especialmente durante estes tempos difíceis”, disse Ishakbeyoglu. “Um dos pastores, Alex, lembrou-me da frase: ‘Nem todos falam a mesma língua, mas todos partilham o mesmo sentimento, partilham a mesma dor.’”

O pai dela telefonou na manhã do desastre para partilhar a notícia, porém ela só soube dos estragos e da destruição mais tarde nesse dia.
Quando um membro da igreja não conseguiu estabelecer contacto com o seu melhor amigo, Ishakbeyoglu passou horas com ele em oração.
“Ele tentou contactá-la, porém ela não respondeu, por isso esperámos durante quatro dias”, recordou ela. “Ontem ele recebeu a notícia de que o corpo dela foi encontrado. De uma família de quatro pessoas, só a sua mãe sobreviveu.”
“Não temos parado desde o primeiro dia,” disse Demokan Kileci, da First Hope Association — uma organização não-governamental baseada na fé na Turquia. “O terramoto fez-se sentir às 4:20. A primeira equipa de intervenção deixou Ankara às 6:30. Desde então, não parámos”
A organização sem fins lucrativos está a trabalhar em estreita colaboração com a Turkish Red Crescent, com o Ministério do Interior e a AFAD, a autoridade turca de gestão de catástrofes e emergências, para servir as comunidades afetadas.
“É o nosso país”, disse Kileci. “É a nossa casa que foi destruída, que está em ruínas, por isso é que fazemos tudo o que podemos para ajudar. São as nossas casas. É a nossa casa”.
‘A nossa casa foi destruída’
A First Hope Association também enviou seis unidades móveis lideradas por voluntários – tanto cristãos como não cristãos- para áreas dem que house devastação em massa, incluindo Ankara, a cidade moderna da antiga Antioquia, um dos primeiros centros do cristianismo e onde o termo “cristão” teve origem.
‘Vamos ajudar, e não ficar desamparados.’
A destruição ao redor da localização histórica de Antioquia é bastante significativa para muitos dos cristãos locais.
Existe entre 7.000 e 10.000 pessoas na Turquia que pertencem a denominações prostestantes, informou o Departamento de Estado dos EUA em 2021.
De acordo com o governo turco, 99% da população é muçulmana. Aproximadamente, 0,2% da população faz parte de outros grupos religiosos – como os cristãos evangélicos.
“Espiritualmente, o que estamos a tentar fazer é ajudar o pequeno grupo de crentes daqui a encontrar um lugar para crescer e expandir-se”, explicou Brinley
Ele vê os danos na localização física da Antioquia bíblica como uma recordação dos desafios espirituais que a igreja moderna enfrenta.
“As ruínas físicas do que resta no seguimento deste horrível e trágico acontecimento é apenas uma imagem daquela sensação de construir de novo a partir do zero, encontrando o pouco que resta da igreja”, disse ele. “A igreja tem vindo a crescer aqui nos últimos 30 ou 40 anos. Isto é apenas como um recomeço no sentido físico.”
E parte deste crescimento vem de servir a sua comunidade.
Os edifícios que colapsaram ou os apartamentos que se encontram instáveis após o terramoto deixaram muitos sem um lugar para ficar.
Eles não construíram casas. Eles construíram sepulturas.
Oferecer às famílias desalojadas um lugar para ficar é uma forma que a igreja de Antália encontrou para servir.
Os líderes da igreja de Antália estão a compilar a sua própria lista de espaços disponíveis entre a sua congregação. Os quartos de hóspedes da igreja, que albergam até 22 pessoas, já estão a ser utilizados.
Ozkaya tem estado ao telefone todos os dias, aconselhando emocionalmente e fazendo planos com as pessoas que contactam a igreja em busca de ajuda.
No entanto, apesar da destruição, a sua fé permanece inabalável. O desastre generalizado é o resultado de infra-estruturas turcas pobres, acredita ele – e não um ato de Deus.
“Não foi Deus quem causou isto”, disse Ozkaya. “Estes são erros completamente humanos. … Eu culpo o povo. Eles não construíram casas. Eles construíram sepulturas.
“E onde está Deus?” acrescentou ele. “Deus está a chorar connosco.”
"Não foi Deus quem causou isto”... “E onde está Deus?" ... "Deus está a chorar connosco.”
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